sexta-feira, 4 de março de 2011

Cientistas sugerem novo índice para medir a obesidade

Pesquisadores acreditam que essa será uma alternativa ao índice de massa corporal (IMC), medida utilizada há 200 anos.

A medida, batizada de Índice de Adiposidade Corporal (BAI), é a divisão da circunferência do quadril pela altura menos dezoito, que resulta no percentual de gordura corporal. O sistema antigo, o IMC, usado há dois séculos, apresenta falhas e não é eficaz para atletas ou crianças


Cientistas desenvolveram uma nova fórmula capaz de medir se uma pessoa está acima do peso sem a necessidade de subir em uma balança. A medida, batizada de Índice de Adiposidade Corporal (BAI), é a divisão da circunferência do quadril pela altura menos dezoito, que resulta no percentual de gordura corporal. Segundo a pesquisa publicada nesta quinta-feira no periódico científico Obesity, essa seria uma alternativa ao índice de massa corporal (IMC), medida amplamente utilizada por médicos de todo o mundo há 200 anos, calculado a partir da divisão do peso pela altura ao quadrado.

Os pesquisadores formularam o índice a partir de um estudo feito com uma população hispânica dos Estados Unidos. Depois, eles confirmaram a exatidão da escala ao compará-la com outra pesquisa, feita com a população negra americana, em que foi utilizado um exame conhecido como desintometria (DXA), considerado o padrão ouro para a medida da obesidade. Essa comparação demonstrou resultados semelhantes, sugerindo que o novo índice poderia ser utilizado em grupos de diferentes etnias.

Para Marcio Mancini, presidente do departamento de Obesidade da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (Sbem), o novo índice poderá ser utilizado para complementar a avaliação do paciente obeso. “Um índice não substituirá o outro. Eles podem ser utilizados ao mesmo tempo. Atualmente, o IMC é utilizado para comparar populações, definir prescrição de medicações ou antes da realização de uma cirurgia bariátrica”, diz.

Apesar de o IMC apresentar falhas e não ser eficaz para representar a situação de atletas ou crianças, Mancini lembra ele não é a única medida adotada. “Temos também a avaliação clínica do especialista e a medição da circunferência do abdome e do quadril”, afirma.

De acordo com os autores do estudo, a fórmula ainda precisa de ajustes e deve ser testada em outros grupos étnicos. Eles acreditam que o método poderá ser utilizado em locais com acesso limitado à infraestrutura de saúde pública, sem uma balança, por exemplo.

“Após a realização de uma validação adicional, essa medida, que é facilmente obtida, poderá ser proposta como ideal para saber o percentual de gordura de uma pessoa”, disseram os pesquisadores. "Antes disso, será preciso comprovar se ela prevê o percentual de gordura em crianças e se será capaz de prever o risco de doenças cardiovasculares", acrescentaram.

(Com agência Reuters)